Hoje é
comercialmente o dia dos namorados. E das namoradas. E dos namorados com as
namoradas. Na verdade, é mais um dia normal, como todo dia. Mas vou aproveitar
a data comercial para falar – mais uma vez – sobre amor e frustração, que é o
assunto mais comum neste blog. O relato a seguir é de algo que ocorreu há 7
anos, vejam quanto tempo! Passei o fim de semana revirando CDs com arquivos
antigos e encontrei alguns textos perdidos, entre os quais o que segue. Notem
que minha vida sentimental quase não mudou nesse período, parece que as
histórias sempre se repetem. Será que só comigo isso acontece?
Um mês e mais
nenhum dia
Citando uma
música do Jota Quest “Essa não é mais uma carta de (des)amor, são pensamentos
soltos traduzidos em palavras, pra que você possa entender, o que eu também não
entendo. Amar não é ter que ter sempre certeza, é aceitar que ninguém é perfeito
pra ninguém, é aceitar ser você mesmo...”
Nº de vezes
que enviei e-mail: 3
Nº de vezes
que liguei: sem precedentes, sem sucesso
Nº de vezes
que chorei: incontável
A solidão às
vezes faz bem, mas é melhor quando se está só por escolha própria do que pelo
desprezo do próximo. É melhor estar só acompanhado de seus pensamentos
positivos e planos, do que acompanhado de uma incerteza, sem saber o motivo que
resultou nessa solidão. É muito bom conhecer pessoas novas, diferentes, ainda
mais quando existe carisma, atração, quando nasce uma relação do que parece ser
um simples encontro. E essa relação – atente-se – pode ser de diferentes
formas. Pode ser uma simples amizade, uma amizade colorida, ou ainda uma paixão
ardente. Claro que isso ninguém escolhe, ninguém aciona um botão no coração que
faz o que você quer, ninguém escolhe se apaixonar, ninguém escolhe ter
afinidades, as coisas apenas acontecem no seu fluxo natural. Mas nem sempre
esse fluxo nos parece natural. Principalmente quando é interrompido, seja lá
qual for o motivo.
Vejamos um
exemplo. Você conheceu uma pessoa. A princípio é apenas uma companhia para
falar ao telefone depois do trabalho, para se comunicar pelo celular, por
e-mails. Depois tornam-se companheiros de cinema, sempre juntos admirando a 7ª
arte. Então passam para algo mais íntimo, ainda no campo da amizade: vão
assistir a um DVD, convidado e na casa da sua companhia. DVD é pouco, resolvem
fazer pizza juntos. Olha que legal! Assistir a um DVD comendo a pizza que vocês
mesmos preparam. É interessante lembrar que sempre deixamos claro qual a nossa
intenção nisso tudo: amizade! Bom, a pizza não demora muito e logo está no
forno. Ham... Estamos famintos. Enquanto isso vamos ao DVD. 2001 – uma odisséia
no espaço. Já tinha ouvido falar, mas nunca havia assistido – e não foi dessa
vez que assisti – e confesso não ter me empolgado muito com o filme, o que nos
fez desistir no meio do caminho. Mas ainda tinha uma pizza para devorar, o que nos
animou. Pronto, a pizza está no ponto, e aparentemente uma delícia... É,
confesso que já comi pizzas melhores, e muito melhores, mas tudo bem, não
passamos fome. Conversamos mais um pouco, logo fui embora. Apesar de o filme e
a pizza não terem sido tão bons assim, a companhia daqueles momentos foi
interessante. Combinamos de novo, e lá fomos nós para outra sessão de “cinema
em casa”. O filme dessa vez me foge à memória, ou teríamos assistido à TV? Isso
pouco importa, porque no meio do filme ou do programa de TV, seja qual for,
aconteceu algo que nunca sequer jamais deveria ter acontecido: um toque. Mas
para explicar esse “toque” vou descrever a situação em que nos encontrávamos
dispostos na “sala de TV”, que na verdade era o próprio quarto, já que a casa
não era nada grande. Estávamos sentados na cama, sob o edredom, já que estava
frio. Agora volto ao toque. Então, o toque... Aconteceu sob o edredom, senti
seus dedos tentando tocar minha mão, meu coração disparou, me vieram zilhões de
pensamentos, sem saber o que fazer. Finalmente, decidi que ia deixar rolar. Me arrependo!
Não pensem vocês que não foi legal, mas a forma como tudo acabou foi um tanto
quanto estranha (acho que nem começou, mas vocês sabem, eu sou muito “bobão” mesmo,
acredito em contos de fadas, duendes, Papai Noel, coelhinho da Páscoa, etc.).
Mas, claro,
antes de descrever como “tudo acabou”, vou continuar o que falava. Os toques...
Foram emocionantes. Me senti um garotinho tentando seu primeiro beijo, foi SIM-PLES-MEN-TE
LIN-DO. Pena que acabou. Os toques... de repente se transformaram em carícias
na nuca, afago no rosto, no cabelo, que lindo isso tudo. Nos olhamos nos olhos
poucas vezes, mas me lembro até hoje daquele olhar de quem parecia ser ainda
criança. Acho que não era mais. Mas para mim sim... Que saudade.
Smack! Ops,
nos beijamos... Foi lindo, mágico... Não deveria ter acontecido. Ficamos juntinhos
até tantas da madrugada, nos tocando – sem intenções sexuais, obviamente. Fui
embora. Nos falamos no dia seguinte. Nos vimos no dia seguinte, e em todos os seguintes
dias até o final daquele mês. Nos conhecíamos. Ou não. Percebi, com o tempo,
sua timidez e sua introspectividade, não falava de si, não me deixar conhecer seus
pensamentos, não me compartilhava seus sentimentos. Eu, particularmente, sou meio
“grudento”. Sabe aquela pessoa que vive “lambendo”, beijando toda hora? Então, sou
eu. Eu acho que isso não agradou muito, porque depois de uns dias percebi certo
distanciamento, me negava beijos, dizia estar sem vontade naquele momento, mas depois,
quando eu pedia outro, me negava novamente. Não me importei. Ficar junto estava
sendo suficiente para mim. Aquele anjinho dormindo todos os dias depois do trabalho
também não me incomodava, e eu acompanhava tudo, fazendo carinho e dando beijinhos
enquanto dormia meu anjo. Não pensava em mais nada, só esperava o momento de
chegar o fim da tarde e o anoitecer. Chorei na sua frente algumas vezes, duas
talvez, cobrando mais proximidade, mas era uma pessoa fria, o que eu poderia fazer,
as pessoas são diferentes mesmo, não são? Aceitei, mas sempre tentava entrar no
assunto “sentimento”. Inútil. Fugia do assunto, desconversava, fazia tudo
parecer natural, como se minhas perguntas não existissem. Não me arrependo de
ter “corrido atrás”, insistido da forma como insisti. O que acontece é que não
sou tão orgulhoso assim e não tenho vergonha de buscar minha felicidade.
Sentimentos para mim não são motivo de humilhação. Amar não é feio! Um dia,
mais uma vez no cinema, tentei abordar novamente o assunto, questionando sobre
suas intenções a meu respeito. A resposta veio: “Quero com você aquilo que
combinamos quando nos conhecemos”. Bom, para quem não se lembra, o “combinado”
era apenas “amizade”. Não nego que vivíamos uma amizade, colorida claro... Isso
me deixou inquieto demais, e naquela noite insisti até o ponto de me tornar
inconveniente, mas nenhuma resposta veio, eu lhe perguntava na sua frente, e
parecia que eu nem estava lá, ou que eu não havia dito nada.
Me senti tão
triste. E ainda me sinto assim. Nesse momento eu já tinha a certeza do que viria
depois. Quando estávamos na porta de sua casa, me deu uma desculpa que estava com
muita dor de cabeça e que por isso não me convidaria para entrar, que depois
nos falaríamos. Entrou. Chorei. Chorei. Chorei. Ah, bem lembrado, quase todas
as vezes em que eu pedia o beijo e que me era recusado, a dor de cabeça era a
desculpa de praxe. Foi tudo muito estranho: primeiro amizade, conforme
combinado. Mas como sentimento a gente não controla, depois aconteceu algo
mais. E, depois de até beijar na boca e me ouvir dizendo que gostava de estar
ali e tudo mais, me diz que não tinha nenhuma outra intenção senão amizade. Mas
espera aí. Que amizade era essa combinada que permitiu beijo na boca? Sem
comentários. E agora parece que nem essa amizade “pura” existe mais. Então
acabou assim, eu sem saber porque se “entregou” pra mim num momento e no outro
disse que não queria mais nada. Foi muito rápido, muito bom, mas muito sofrido,
dolorido, machucado. Não entendo como uma pessoa que aceita uma outra em sua
casa todos os dias, recebe carícias, beijos, tortinhas de morango, pode
simplesmente sumir no mundo, não atender telefonemas, ou mesmo responder
e-mails. Eu até perguntei certa vez “Você gosta de mim?” e veio a resposta
“Gosto mais quando você traz tortinha de morango” me disse isso um dia depois
de tê-la levado. Como não sei o que se passa naquela mente, fica tudo assim,
sem compreensão. Agora me encontro só, acompanhado de uma incerteza, sem saber
o motivo que resultou nessa solidão. Eu apenas gostaria de saber o porquê.
Por quê?