terça-feira, 5 de julho de 2016

Um gole de esperança

Céu, sol, nuvens.
A manhã é feita de oportunidades
De se ter um bom dia.
Apesar de tudo,
Apesar do nada,
Apesar do vazio,
Vamos encher o copo
E beber a vida,
Ainda que com um gole amargo,
Esperando um fim mais doce,
Porque sem esperança
Não há dia que resista.
O céu de Marília

domingo, 3 de julho de 2016

O mistério da vida

Quando chega a hora, a gente se perde de todo o caminho, a gente não sabe por onde ir, qual rumo seguir, e como será a chegada ou o retorno. As cicatrizes na estrada nos abrem a mente, nos dizem que a vida não é fácil. O tempo passa, estamos longe de todos os nossos queridos. Não há mais tempo para demorar a pensar, pois cada segundo é urgente, cada piscar de olhos é uma chance a menos, o vento mudou de direção, o que a gente decidiu? Não há tempo sequer para respirar, para ver o céu. Cada passo que a gente dá, é mais perto de algo que a gente chega, mas a distância parece nunca terminar. No escuro, não se sabe o que vem adiante, o que é isso de futuro, ninguém ensinou, ninguém voltou para dizer como terá sido. A colisão do final é para morrer ou renascer? O fim, de todo modo. A todo vapor. Qual sorriso vamos carregar na mente, do que vamos nos lembrar no caminho? Não sabemos qual carinho esperar, que abraço vai apertar, que beijo vai molhar. E se nunca mais? Do lado, nada podemos ver. Falta muito, andamos muito. Não chegamos, mesmo talvez já tendo saído do lugar. As cores borradas, continuamos correndo pra achar o lugar que deve ser o nosso, estamos sozinhos indo pra casa, ou voltando de lá. Aonde quer que a gente vá, as luzes nem sempre estarão acesas, o caminho pode ser inseguro e vamos ter que correr sozinhos, correr riscos. Ainda estamos indo, seguindo, o caminho nunca acaba. O vazio mostra nossa pele sem nenhum toque, talvez nem nosso mesmo, pois a gente não se reconhece, não se vê, estamos incompletos. O relógio anda pra frente e temos a esperança de que logo será a nossa vez de chegar. A algum lugar. A vida como um eterno ir, como o rio que corre. Vamos seguindo até perder de vista o horizonte que a gente acredita que existe.
A persistência da memória, de Salvador Dalí
Os amantes, de Rene Magritte


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