sábado, 29 de dezembro de 2018

Entregar-se

Quem acha que é fácil se relacionar, que é simples amar, é porque não sabe o que significa se entregar ao outro e não sabe como é estar metafórica e/ou literalmente nu diante do outro, despido das vestes, das máscaras sociais e estar exposto ao julgamento alheio. Não existe entrega maior que essa. Amar é doar sua vida para o outro, é emparelhar sua alma, é compartilhar sonhos, é trocar energias.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Sonhos realizados

Os sonhos realizados não são apenas dádivas de Deus. São também resultado de um esforço pessoal, de um planejamento e da concretização de um sonho/ plano. Nada nos é dado gratuitamente. Até mesmo a realização de um sonho significa, na maior parte das vezes, conseguir pagar bem (mais do que com dinheiro, mas arriscar-se, pagar para ver) para ter esse desejo realizado...

sábado, 15 de dezembro de 2018

O sonho

Um dia eu tive um sonho de me casar como todo mundo. Ser feliz para sempre, tirar foto andando de barco na beira do rio. Eu sonhava que a casa seria azul, num tom pastel com detalhes em vermelho, mas não um vermelho muito forte, era um vermelho bonito... Era um sonho como o de todo mundo. Mas tudo mundo é tão feliz realizando todos esses sonhos?

Moço lindo

Moço lindo dos cabelos ondulados, molhados e cheirosos, longos e macios. Moço lindo perfumado, cheio de brilho nos olhos, com sorriso contagiante. Moço lindo e provocante, lábio macio e barba pouca, quero você pra mim.

Águas paradas

Tanto tempo esperando o nada acontecer, a chuva que não cai do céu, a nuvem que não descobre o sol, a comida que não fica pronta sozinha - não brota na panela. É a inanição, o eterno esperar-que-alguém-faça, rezar a Deus e nenhuma ação feita, abstração nas ideias sem a concretude do agir. É o tempo da espera pelo porvir. Não adianta aguardar o rir enquanto se vê o choro cair.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Desapego

Sinto um desejo de me sentir livre. Uma vontade de estar sem me prender, de ir sem ter-que voltar. Uma desobrigação que não se mostre angustiante. Um amor não sufocante. Aquele bem querer de viajante.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Relâmpagos

As temporárias, essas pessoas que vêm e que se vão num findar de Natal, podem deixar saudades num coração que valoriza um encontro bem feito entre duas almas. Mesmo esse relâmpago, com a luz de segundos, pode transformar um evento rápido em uma memória que, se não eterna, terá a duração necessária para a risos posteriores com alegria.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

É raro

Quando o amor bater na porta, não tenha medo, porque sempre vai doer mesmo. Pode ser aquela dor da paixão de visualizar a imensidão lá adiante, a vida inteira juntinhos. Imaginar a felicidade dói porque ela é rara nesse sentido que insistimos em dar à vida.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Que falem os hipócritas

Eu sei o que pensam, eu escuto o que falam, eu imagino o ódio que sentem. Eles se referem sempre em terceira pessoa para falar "deles", "daquelas pessoas", "daqueles uns", quando eu estou bem na frente deles, representando com toda minha humanidade o que imaginam que seja um extraterrestre, um ser diferente de todos, um ser anormal ou um não-ser. É preciso passar a vida provando ser bom para mostrar que se é normal, que se é humano, que se tem emoção, que o coração também sente, que a alma também se ressente às vezes, que os defeitos são comuns a todos nós igualmente. Eles, os hipócritas, falam de valores, falam de moral, dizem que a família está sofrendo com a pouca-vergonha, mas são eles, os hipócritas, que abandonam seus filhos, que não pagam pensão, ou, talvez pior, pagam uma pensão mas não provêm o afeto a seus filhos, que se transformam, esses sim, nos problemas sociais pela falta de amor, por não terem conhecido os valores de uma família que seus pais lhes negaram.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Sinais

Eram sinais que eu via, que eu ouvia, que a vida indicava, mas eu não sentia, recusava-me a entender ou a ver a realidade que estava diante dos meus olhos e tocando a minha pele. Eram como cheiros óbvios, mas passados sem sentir. Os sinais que a vida insistiu em me trazer, eu insisti em deixá-los de lado, vendando os fatos.

Ser

eu não sou alguém
eu não tenho nome
sou um pronome
em busca de saber
quem eu sou
indefinido
indeciso
indecifrável quem sabe
sou um sujeito
em busca do predicado
do verbo
do agir
sou tudo que você
pode não desejar
mas ainda assim
sou tudo aquilo
que eu quero ser
que eu devo ser
que eu sonho em ser
sou a vitrine
dos meus próprios
desejos
de felicidade
de completude
não sou nada
nem ninguém
se eu não puder
ser quem eu sonho
se eu não puder
sonhar em ser
quem eu quero
não corro de medo
não vivo fugindo
não vivo nas sombras
feito um vampiro

O sorriso de Monalisa

Eu e só eu sei da verdade escondida nesse sorriso de Monalisa. Do eu te amo que não era mais de verdade, era puro incômodo, pura comodidade travestida de amor. Não posso afirmar que tudo tenha sido em vão durante tanto tempo. O silêncio mascarado no sorriso de Monalisa é assustadoramente barulhento, retumbante, porque o que sempre se quis dizer com o silêncio re vela-se como um estrondo tão alto, como uma bomba destrutiva. É uma nova guerra, que atinge os sentidos, os sentimentos feridos de nós dois, é uma nova mina em que pisamos, explodindo o sonho de andarmos juntos, abrindo um buraco entre nós, acabando com nossa visão, nosso olfato, nosso paladar, nosso tato. A guerra faz isso, mata gente, acaba com os sonhos de um futuro. Mesmo essa guerra silenciosa, que leva o amor e deixa a surdez. Não nos ouvimos mais.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Era amor

Eu sabia que era amor. Desde sempre você me olhava como se me conhecesse ou como se quisesse saber mais de mim, como se o seu olhar devesse se encontrar com o meu, como se você esperasse que os nossos olhares fossem se cruzar. Esse entreolhar parecia um toque macio das nossas mãos. Foi nesse segundo que eu percebi que era amor. Não desses amores ridículos que não vão a lugar algum, mas daquele amor singular que quer percorrer todos os cantos, que vira de ponta cabeça para acontecer.

terça-feira, 10 de julho de 2018

A vida insiste

Foto que fiz em julho/2018 no alto do morro da Barra da Lagoa, em Florianópolis/SC
Da janela do quarto, no primeiro andar. No alto da casa, no topo do morro, ladeira acima. Onde o vento bate, onde o galo canta, onde a vida insiste.

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