O Brasil no mundoO Brasil vem protagonizando um evento importante no mundo atualmente: tem sido um agente de negociação pacífica, defendendo a soberania do Irã, tendo articulado, juntamente com a Turquia, um acordo em que o Irã afirma a finalidade pacífica do enriquecimento de urânio a 20%.
Os Estados Unidos, entretanto, não concordam: querem continuar sendo os supremos donos do mundo. Tem medo de que se produza uma bomba atômica em outro país.
Por que esses complexados sobrinhos do Tio Sam são tão neuróticos? Por que esse medo iminente de serem atacados?
Acho que os EUA querem uma nova guerra. Querem uma guerra para venderem produtos bélicos e se reerguerem, como o fizeram na 2ª Guerra Mundial. A crise alastrada a partir de 2008 colocou em xeque a capacidade administrativa do governo dos EUA. Obama ganhou as eleições com a promessa da mudança, mas ele não representa o novo.
Polivocidade reproduziu hoje um texto de Leonardo Boff, que diz:
"A diplomacia de Lula se contrapõe diretamente àquela do Conselho de Segurança e a de Barack Obama. A de Lula olha para frente e se adequa ao novo. A de Barack Obama olha para traz e quer reproduzir o velho. O paradigma velho supõe que haja uma nação hegemônica e imperial, no caso o USA. Esta se rege pelo paradigma do inimigo [...]
Políticas inspiradas nesse paradigma ultrapassado podem levar a cenários dramáticos com o sério risco de destruir o projeto planetário humano. Esse paradigma é belicista, reducionista e míope pois não percebe as mudanças históricas que estão ocorrendo na linha da fase planetária da história que exige estratégias de cooperação visando proteger a Terra e cuidar da vida.
[...]
Lula, em sua fina percepção pelo novo, agiu coerentemente: não se pode isolar e castigar o Irã. Importa trazê-lo à mesa de negociação, com confiança e sem preconceitos. Essa atitude de respeito trará bons frutos. E é a única sensata nesta nova fase da história humana. Lula aponta e inaugura o futuro da nova diplomacia, a única que nos garantirá a paz."
A promessa de se fazer um governo mais pragmático, de usar mais o soft power, o diálogo, não parece estar se concretizando nos EUA. O que a sra. Hillary Clinton tem a dizer sobre isso? Ela diz que não acredita no acordo entre Irã, Brasil e Turquia. Acha que tem falhas, lacunas nesse documento. Parece bem verdade que vão querer questionar e derrubar cada vírgula do acordo. Estão querendo começar uma guerra. E vão tentar desconstruir esse documento do acordo para isso. Vão invalidar as intenções, porque eles vem o mau em tudo. Os americanos estão endemoniados - ou estão achando que o resto do mundo é que está.
A crise mundialO Brasil, ao que me parece, seguiu o caminho oposto: enquanto os EUA e a Europa estavam quebrando - enquanto os países ditos de primeiro mundo, ricos e potentes estavam quebrando - o Brasil estava pronto para encarar a batalha. O nosso governo, com um jeitinho (não um jeitinho de QI, não pejorativo) conseguiu manter-se firme, mostrando a força de nossa economia. Impostos baixos, incentivo ao consumo e condições de compra fizeram com que o povo colocasse a mão no bolso e consumisse. Ao assumir compromissos com prestações e financiamentos, mantivemos a indústria funcionando, produzindo, abastecendo o comércio e fazendo com que o ciclo de produção e consumo não parasse.
Está claro, nesse ponto, que o Brasil não apenas não quebrou como os riquinhos do norte, como vem conquistando cada vez mais importância no cenário mundial: economicamente, politicamente, socialmente. Não quero negar as inúmeras dificuldades que muitos brasileiros e brasileiras enfrentam diariamente. Os problemas estão aí e são um desafio para os governantes: prefeitos, governadores e presidente. São um desafio para os legisladores: vereadores, deputados e senadores. E são um desafio para o judiciário, que deve equilibrar a balança, que deve fazer valer a justiça onde os legisladores não mudam a lei, ou onde os governantes não executam o acesso de todos ao necessário para viver.
O que eu tenho a ver com isso?Por que nos vemos tão envolvidos em discussões diariamente no ambiente de trabalho, na escola, na faculdade, em casa, na roda de amigos no bar, mas não vemos a mudança ocorrendo no nosso cotidiano? Em primeiro lugar, qualquer mudança na legislação tem que passar pelo legislativo. Na nossa cidade, os vereadores é quem criam as leis. Ou por iniciativa de algum vereador, ou por iniciativa do executivo. Mas quem leva as necessidades a serem supridas pela população para votação? Ou a sociedade se organiza e solicita mudanças junto aos vereadores, ou, caso o poder legislativo local não se mobilize e não procure as reais necessidades locais, a cidade cairá no esquecimento, ficará obsoleta em legislação e em ação social etc.
Por outro lado, parece faltar vontade de alguns legisladores de estarem próximos à população. Alguns parecem que se fecham e se acham donos de tudo, enquanto que na verdade são representantes do povo, foram eleitos e investidos de poder para decidir em nome da população, não em nome de seu grupo de amigos, da igreja ou de qualquer minoria que seja. A lei tem que ser para todos. Se devemos respeitar o próximo, é porque queremos ser respeitados também. Se quero ter a liberdade de ir e vir, tenho que respeitar o espaço do outro de ir e vir.
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Acho que não quero mais escrever por ora. Comecei falando de relações internacionais e terminei falando dos direitos individuais. Esse texto mais parece uma pirâmide. Do mais abrangente para o mais individual. Sei lá. É o que tem pra hoje! rs