sábado, 29 de maio de 2010

Dúvidas...

Com uma estranha clareza

Sinto a vida passando.

E com uma clara estranheza

Passo a vida sentindo.


Passo pelos caminhos,

Passo pelas pessoas.

Sinto a vida

E tudo mudando.


Sentimentos de alegria, tristeza,

Dúvidas, incerteza.

O certo é errado.

E tudo parado.

O nada fechado.

E tudo calado.


****

Ai, dá uma preguicinha de escrever, que resolvi postar uma poesia.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Um pouco de política

O Brasil no mundo

O Brasil vem protagonizando um evento importante no mundo atualmente: tem sido um agente de negociação pacífica, defendendo a soberania do Irã, tendo articulado, juntamente com a Turquia, um acordo em que o Irã afirma a finalidade pacífica do enriquecimento de urânio a 20%.

Os Estados Unidos, entretanto, não concordam: querem continuar sendo os supremos donos do mundo. Tem medo de que se produza uma bomba atômica em outro país.

Por que esses complexados sobrinhos do Tio Sam são tão neuróticos? Por que esse medo iminente de serem atacados?

Acho que os EUA querem uma nova guerra. Querem uma guerra para venderem produtos bélicos e se reerguerem, como o fizeram na 2ª Guerra Mundial. A crise alastrada a partir de 2008 colocou em xeque a capacidade administrativa do governo dos EUA. Obama ganhou as eleições com a promessa da mudança, mas ele não representa o novo.

Polivocidade reproduziu hoje um texto de Leonardo Boff, que diz:

"A diplomacia de Lula se contrapõe diretamente àquela do Conselho de Segurança e a de Barack Obama. A de Lula olha para frente e se adequa ao novo. A de Barack Obama olha para traz e quer reproduzir o velho. O paradigma velho supõe que haja uma nação hegemônica e imperial, no caso o USA. Esta se rege pelo paradigma do inimigo [...]

Políticas inspiradas nesse paradigma ultrapassado podem levar a cenários dramáticos com o sério risco de destruir o projeto planetário humano. Esse paradigma é belicista, reducionista e míope pois não percebe as mudanças históricas que estão ocorrendo na linha da fase planetária da história que exige estratégias de cooperação visando proteger a Terra e cuidar da vida.
[...]
Lula, em sua fina percepção pelo novo, agiu coerentemente: não se pode isolar e castigar o Irã. Importa trazê-lo à mesa de negociação, com confiança e sem preconceitos. Essa atitude de respeito trará bons frutos. E é a única sensata nesta nova fase da história humana. Lula aponta e inaugura o futuro da nova diplomacia, a única que nos garantirá a paz."
A promessa de se fazer um governo mais pragmático, de usar mais o soft power, o diálogo, não parece estar se concretizando nos EUA. O que a sra. Hillary Clinton tem a dizer sobre isso? Ela diz que não acredita no acordo entre Irã, Brasil e Turquia. Acha que tem falhas, lacunas nesse documento. Parece bem verdade que vão querer questionar e derrubar cada vírgula do acordo. Estão querendo começar uma guerra. E vão tentar desconstruir esse documento do acordo para isso. Vão invalidar as intenções, porque eles vem o mau em tudo. Os americanos estão endemoniados - ou estão achando que o resto do mundo é que está.

A crise mundial


O Brasil, ao que me parece, seguiu o caminho oposto: enquanto os EUA e a Europa estavam quebrando - enquanto os países ditos de primeiro mundo, ricos e potentes estavam quebrando - o Brasil estava pronto para encarar a batalha. O nosso governo, com um jeitinho (não um jeitinho de QI, não pejorativo) conseguiu manter-se firme, mostrando a força de nossa economia. Impostos baixos, incentivo ao consumo e condições de compra fizeram com que o povo colocasse a mão no bolso e consumisse. Ao assumir compromissos com prestações e financiamentos, mantivemos a indústria funcionando, produzindo, abastecendo o comércio e fazendo com que o ciclo de produção e consumo não parasse.

Está claro, nesse ponto, que o Brasil não apenas não quebrou como os riquinhos do norte, como vem conquistando cada vez mais importância no cenário mundial: economicamente, politicamente, socialmente. Não quero negar as inúmeras dificuldades que muitos brasileiros e brasileiras enfrentam diariamente. Os problemas estão aí e são um desafio para os governantes: prefeitos, governadores e presidente. São um desafio para os legisladores: vereadores, deputados e senadores. E são um desafio para o judiciário, que deve equilibrar a balança, que deve fazer valer a justiça onde os legisladores não mudam a lei, ou onde os governantes não executam o acesso de todos ao necessário para viver.

O que eu tenho a ver com isso?

Por que nos vemos tão envolvidos em discussões diariamente no ambiente de trabalho, na escola, na faculdade, em casa, na roda de amigos no bar, mas não vemos a mudança ocorrendo no nosso cotidiano? Em primeiro lugar, qualquer mudança na legislação tem que passar pelo legislativo. Na nossa cidade, os vereadores é quem criam as leis. Ou por iniciativa de algum vereador, ou por iniciativa do executivo. Mas quem leva as necessidades a serem supridas pela população para votação? Ou a sociedade se organiza e solicita mudanças junto aos vereadores, ou, caso o poder legislativo local não se mobilize e não procure as reais necessidades locais, a cidade cairá no esquecimento, ficará obsoleta em legislação e em ação social etc.

Por outro lado, parece faltar vontade de alguns legisladores de estarem próximos à população. Alguns parecem que se fecham e se acham donos de tudo, enquanto que na verdade são representantes do povo, foram eleitos e investidos de poder para decidir em nome da população, não em nome de seu grupo de amigos, da igreja ou de qualquer minoria que seja. A lei tem que ser para todos. Se devemos respeitar o próximo, é porque queremos ser respeitados também. Se quero ter a liberdade de ir e vir, tenho que respeitar o espaço do outro de ir e vir.

***
Acho que não quero mais escrever por ora. Comecei falando de relações internacionais e terminei falando dos direitos individuais. Esse texto mais parece uma pirâmide. Do mais abrangente para o mais individual. Sei lá. É o que tem pra hoje! rs

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Uma poesia minha

Arrependido...


Agora penso em tudo que perdi,


Nos beijos que não pedi

E no amor que não vivi.

Agora vejo o quanto seria feliz

Se estivesse ao teu lado

E o quão seria bom

O nosso amor de namorado.

Agora acho que é tarde

Pra te reconquistar

E tentar nos amar

Num amor de verdade.

Mas acho que foi bom

Eu dar tua liberdade

Para agora eu dizer

Que estou com saudade.


*****

Parei pra pensar. Há quanto tempo não fico com alguém? Não muito... E um namoro? Aí é outra história.
É tão fácil arrumar alguém pra ficar, pra curtir um momento, mas somando todos esses momentos, o que eu construo? Nada tão concreto. Viver esses momentos de prazer, essas horas de curtição, isso é legal. Mas não dura mais que o tempo daquele momento. Não cria intimidade essa rapidez. O conhecer é pulado. O conversar é o de menos.
E eu estou tão embriagado por essa efemeridade sexual que me esqueço do principal: amar. Porque o amor não acontece no primeiro encontro. Nem no segundo. O sentimento vai acontecer no encontro que persistir. É tão bom conquistar, conhecer, surpreender... E eu acho que não estou conseguindo me conduzir no caminho que eu mesmo busco: o do amor. Fiquei tão envaidecido, tão imerso nas pulsões sexuais, que me esqueci que nem todo mundo se comporta desse jeito. Ainda há pessoas que procuram mais do que um encontro sexual. É estranho admitir isso, mas eu sempre procurei um amor. Ao mesmo tempo, sempre me entreguei a esses encontros casuais na falto do amor. Alguém explica?
Talvez Freud diria que todos nós devemos colocar nossas energias em algo, em alguma busca. Já disse no post que falei da Dani que "
Para Freud, o desejo é um movimento do psiquismo que tenta reconstruir as primeiras cenas da satisfação das necessidades básicas: troca de fralda, mamar etc. O desejo está relacionado ao traço dessas memórias. Ao longo da vida, sempre buscamos trazer de volta essa cena de conforto, de satisfação inicial, de prazer - no sentido de liberação de tensão".
De algum modo, eu procuro liberar minha tensão na busca do amor mas, na sua falta, eu me entrego ao casual. Não acho que esteja errado, só queria essa plenitude de outra forma. Do mesmo modo como eu já estive um dia: cheio de amor.


quinta-feira, 20 de maio de 2010

Ana Carolina - Ruas de outono

Nas ruas de outono
Os meus passos vão ficar
E todo abandono que eu sentia vai passar
As folhas pelo chão
Que um dia o vento vai levar
Meus olhos só verão que tudo poderá mudar

Eu voltei por entre as flores da estrada
Pra dizer que sem você não há mais nada
Quero ter você bem mais que perto
Com você eu sinto o céu aberto

Daria pra escrever um livro
Se eu fosse contar
Tudo que passei antes de te encontrar
Pego sua mão e peço pra me escutar
Seu olhar me diz que você quer me acompanhar


Ana Carolina me traduz.

Ou não.

Explico: se eu estou num amoreco lindo, essa música Ruas de outono me traduz; mas se estou solo, não.

É tão bom quando a gente fica bobo, apaixonado...

Pena que não dura muito...

Minhas paixões são rápidas e doloridas. Sempre me doem o coração e a bunda. Por levar o pé. Fazer o quê?

Essa música da Ana me marcou, a ouvi certa vez num momento de declaração de amor, com direito a lágrimas, promessas, aquele abraço apertado e gostoso. Com aquele cheirinho de amor...

Agora, me restam as lembranças daquele momento que foi mais um na incessamente busca minha.

Tem uma versão que a Ana cantou com a Zizi Possi essa música. Essa versão que estou ouvindo agora. Linda. Ah...

***Link para o vídeo da Ana com a Zizi

Robin Hood

Para quem gosta de discussões políticas, o novo filme sobre Robin Hood tem um belo exemplo da tirania e da tentativa de se instalar uma democracia - ou algo que dela se aproxime.

A história se passa na Inglaterra do século XII d.C. Após a morte do rei Ricardo, o príncipe João assume o trono. Jovem e descompromissado, João se deixa enganar por um espião, Godfrey, que tenta instaurar uma guerra civil na Inglaterra, permitindo a invasão francesa. Ele assume o papel de tesoureiro e junta cerca de 200 franceses para cobrarem impostos em nome da coroa inglesa, mas na verdade estão roubando. Isso causa uma revolta popular e, quando o rei João descobre o golpe, tenta evitar que os nobres do norte entrem em conflito com a coroa real. Nesse momento, Robin Longstride (Robin Hood) propõe que cada um seja dono de seu próprio castelo (sua casa, sua terra), uma vez que o rei pede fidelidade e cumplicidade para derrotar os franceses, mas não oferece nada em troca para o povo. O rei aceita, compromete-se a assinar um documento após conseguirem derrotar as tropas francesas que estão invadindo a Inglaterra. Assim, João consegue unir o povo inglês para lutar contra a França com a promessa da liberdade.

O que vem depois da batalha, entretanto, não é a promessa cumprida: o rei nega que tenha prometido algo e diz que o povo deve ser obediente à coroa.
O interessante nisso é observarmos como o povo quer ser livre, em mudar a forma de governo, enquanto o tirano quer se manter no poder.

Nesse ponto, posso citar Heródoto, historiador grego que viveu no século V a.C. Foi com ele que a democracia foi pensada pela primeira vez, havendo um debate sobre qual seria a melhor forma de governo na Pérsia, se a monarquia (tirania), o governo do povo (democracia), ou a oligarquia (poucos governantes). Otanes defendeu a democracia, dizendo que na monarquia apenas uma pessoa tem o poder sobre todas as demais, fazendo o que quer e não prestando contas a ninguém. Já na democracia, o governo seria do povo, da lei: o povo faz a lei e a obedece, estabelecendo um mundo da igualdade, um mundo em que todos são igualmente submetidos à lei.

Já Tucídides, outro historiador grego, fala que a democracia ateniense servia de modelo para outras, sendo a questão da liberdade em Antenas fundamental. A utilidade da vida pública obrigava as pessoas a se informarem. Aqueles que só se preocupavam com seus interesses privados não precisavam se informar, pois não haviam nada para discutir, eram inúteis nesse aspecto político.

Os atenienses acreditavam não existir justiça privada: quem participava da vida pública ajudava a construir a justiça pública.

Eu só falei um pouco do filme, de uma parte bem específica para mostrar a discussão política. Eu gostei muito do filme e o indico. Russell Crowe e Cate Blanchett estão brilhantes, como sempre.

terça-feira, 18 de maio de 2010

A arrumação da Dani

Eu ia colocar isso que vem agora como Post-Scriptum, mas um PS, como o próprio nome sugere, seria uma nota no fim do texto. Como vou falar da Dani, acho que devo apresentá-la primeiro, não só para saberem quem é ela, mas pela sua importância, que não se resume a um PS: Foi essa mocinha de novela mexicana, a Daniela Paula, quem me incentivou a escrever um blog. A ela todo meu amor, meu carinho. Obrigado pelo incentivo. Você inspira a minha expressão. Nossas conversas diárias me fazem bem. Adoro compartilhar meus momentos contigo. Bjokas

Minha amiga Daniela postou o texto "Dia da faxina..." no blog dela. Eu comentei, mas acho que meu comentário ficou um pouco grande e o Alex, amigo dela, disse que mais parece um post rs. Nesse post, ela falou sobre a arrumação que fez no quarto, sobre a faxina, sobre as lembranças que essa limpeza despertou.

Ela começa o texto assim:

"Estranho! Mas, hoje acordei com uma necessidade exagerada de arrumação. Eita! Será preciso terapia? rs Explicando o acontecido: É que para a pessoa aqui por trás das letras isto é um acontecimento raro, o qual necessita de comemoração. rs"
Arrumação é sempre muito doloroso para mim, visto que o meu coração é uma bagunça, sempre perdido. O quarto tava tão bagunçado tal como meu coração, q inevitavelmente veio a comparação a me assombrar..."


Acho que posso me dar a liberdade de publicar meu comentário aqui, como meu post rs:

Minha linda amiga Daniela Paula, mocinha de novela mexicana: Você já está se analisando ao fazer a faxina que acordou com vc. Essa necessidade de arrumação surgiu, brotou, e vc regou essa plantinha para que ela crescesse. Vc deu vida a algo q pedia passagem: arrumar as velharias, o quarto, as lembranças... Arrumar um pedacinho da vida. Um pedaço importante, pq é seu quarto, é seu esconderijo, é onde vc se encontra...
Talvez a coragem de voltar ao blog já tenha inaugurado essa arrumação. Talvez a coragem de se remeter a um "você" e não mais a um "ele" seja um segundo sintoma da arrumação. Agora você arruma seu quarto, literalmente. Mas essa arrumação é literal no sentido de colocar ordem no caos, de tirar a poeira, tanto quanto no sentido de ter uma atitude de revisar o passado, o que está parado e dar um novo rumo na vida.
Para Freud, o desejo é um movimento do psiquismo que tenta reconstruir as primeiras cenas da satisfação das necessidades básicas: troca de fralda, mamar etc. O desejo está relacionado ao traço dessas memórias. Ao longo da vida, sempre buscamos trazer de volta essa cena de conforto, de satisfação inicial, de prazer - no sentido de liberação de tensão.
Assim, hj vc quer "ele". Mas e depois? Vai estar td resolvido na sua vida? Não, pq sua busca do desejo é pra sempre, sempre vai procurar aquela cena do conforto inicial. Satisfeita com esse objeto, passará a investir em outro, porque a busca pela pulsão original é constante. É pulsão de vida. Essa busca pelo objeto é que te faz se mover.
O dia em que você não buscar mais nada será o dia da sua morte. Não te restará mais amor, mais paixão, mais vontade de falar com "ele". Esse dia, sua pulsão será de morte.
E essa eu não quero presenciar. Não agora, amiga apaixonada.

****

Bom, é isso. Acho que tentei traduzir aquele momento da Dani. Não sei se consegui. Ou se só falei bobagem, mas tem bobagem que é bom falar. Apenas refleti. Na verdade eu estava influenciado pela psicanálise e pela filosofia da diferença, já que passei aquele dia todo estudando isso rs.

domingo, 16 de maio de 2010

Olhar de criança

Foram-se os tempos em que éramos inocentes. Aqueles tempos em que brincávamos sem malícia, que ríamos e chorávamos, nos emocionávamos. Éramos verdadeiros e sensíveis.

Foram-se os tempos em que não pensávamos no futuro, apenas brincávamos e vivíamos o presente. Sonhávamos em ser doutores, sem pensar nas dificuldades da vida. Apenas sonhávamos.

Foram-se aqueles dias remotos, longínquos, sem volta. Sobra-nos apenas a lembrança de uma época sem corrupção, sem preocupação, só amor.

Agora, vivemos de preocupações, pensando no que vamos fazer amanhã e quase não nos lembramos do tempo em que éramos crianças.

Deixamos de ser puros e entramos no mundo de “gente grande”. Temos que ser espertos, não podemos brincar, rir, chorar de emoção. Choramos sim, de desilusão pela vida.

Passamos a entender a miséria e a fome. Choramos pelos drogados, pelos bêbados, pelos loucos, que não têm culpa de o mundo ser como é, de os excluir. Choramos porque somos seres humanos e adultos, não somos mais crianças. Vemos e entendemos o mundo. Fazemos parte dele e temos consciência disso. Sabemos, mas fingimos que não, que também fazemos parte dos culpados, porque quantas vezes pudemos ajudar e nos negamos. Negamos por preguiça, por medo, por desilusão, por vergonha. Mas quando precisamos de ajuda, pedimos e reclamamos sua falta. Somos hipócritas.

Então, olhando uma criança, vi seu sorriso e sua expressão, e pensei quão pequenos são os meus problemas perto dos problemas do mundo todo, dos miseráveis, dos bêbados, dos drogados, dos loucos. Olhando uma criança vi tudo isso, porque a vi e ao mesmo tempo vi o mundo e vi como tudo muda quando crescemos e deixamos de pensar que, embora adultos, ainda somos seres humanos.

PS: este texto foi escrito em 2002

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