segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Letargia

Quero chorar. Estranha letargia me comove. Vontade sem vontade da falência múltipla de todas as possibilidades de ser. Um cansaço que ultrapassa os limites do físico, da dor nas costas, do ombro inclinado pra frente, retraído. Um peso da falta de vida, que tanto se tateia e se diz existir. Nada de mais sólido existe que seja verdadeiro. Tudo são aparências, mentiras, contos da esperança de se poder ser feliz, de um desejo de querer ser aquilo que se parece. Todos parecem felizes, e todos querem parecer felizes como os outros parecem. Isso se desmancha no ar, em casa, na cama, no sofá. Ainda que fugindo da realidade vendo a TV no domingo, comungando da bebida no barzinho, ainda assim nada muda. Nem o sorriso falso que cola alegria na fotografia. É sempre o mesmo. Letal.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A Juventude é agora

Muito se fala em participação popular nos governos, em representação da sociedade civil. Mas será que o muito que se fala é suficiente para que se saiba o que isso significa?
Acompanhamos, no ano de 2011, a chamada pelo Governo Federal da II Conferência Nacional de Juventude, que foi um espaço de debates e onde surgiram propostas de políticas públicas para esse segmento. O processo de conferência começou nos municípios, depois passou pela fase estadual e, por último, as propostas foram levadas a nível federal. A partir daí, vão guiar as ações governamentais a nível nacional.
Durante o processo de conferência municipal, também conseguimos discutir projetos a serem implementados pelo governo local, além de podermos eleger o Conselho Municipal da Juventude, que é formado por membros da sociedade civil e por representantes do Poder Público Municipal. Nesse espaço, os cidadãos temos o poder de participar das discussões e da implementação de projetos e políticas públicas para a juventude que serão desenvolvidos no âmbito municipal, por meio da Secretaria da Juventude. Mas não apenas isso.
O Conselho também lida com questões da Juventude que envolvem promoção da saúde, propostas que contemplem os jovens em vulnerabilidade social, questões relativas a preconceito e discriminação de jovens em suas diversas diferenças sociais, econômicas, sexuais e raciais. Esse trabalho, por ser complexo, exige articulação dos conselheiros, da Secretaria da Juventude e de outros órgãos municipais, estaduais e federais, além do apoio fundamental de outros setores da sociedade civil, ONGs, associações e entidades religiosas que já trabalham com a questão da juventude em diferentes aspectos.
Embora esse Conselho seja o segundo eleito no município de Marília, é o primeiro formalizado e, por isso, o primeiro capaz de se articular com outros setores. Além disso, teremos a oportunidade de propor a criação do Fundo Municipal da Juventude, o que efetivará a importância do trabalho do Conselho na nossa cidade, já que conseguiremos obter recursos legais para a execução de serviços para os jovens pelo próprio Conselho, além de apoiar projetos da Secretaria Municipal da Juventude.
Enquanto o mundo vive uma crise neoliberal, gerada pelo próprio sistema neoliberal, cujo principal ideal é a menor presença possível do Estado na vida das pessoas, vivemos uma situação de fortalecimento do Poder Público Municipal, que começou com a criação da Secretaria Municipal da Juventude e agora chega à discussão do Fundo próprio, após a formalização do Conselho. Na contramão, a Inglaterra, por exemplo, fecha centros comunitários que desenvolvem trabalhos para jovens carentes, deixando-os à mercê da vulnerabilidade e da violência. Enquanto o Velho Mundo diz para os jovens que eles devem “se virar”, nós, no interior do Novo Mundo, mandamos um recado aos governantes de todo o planeta: a jventude não tem que ser vista como o futuro das nações, mas como o presente, e por isso precisa ser valorizada e receber todo o apoio do Poder Público. Dizer que os jovens são o futuro é querer varrer para debaixo do tapete essa questão, é deixar sempre para o próximo governante resolver isso. Não haverá futuro para os jovens que não conseguirem sobreviver ao agora.

William César Ramos Lima
Membro do Conselho Municipal da Juventude de Marília-SP

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