segunda-feira, 25 de abril de 2011

Amor e dor de barriga

Às vezes o amor é incomoda tanto que parece uma dor de barriga. Engraçado? Bem que poderia ser engraçado, mas veja se isso é hilário: quando você está com uma dor de barriga violenta, uma diarréia sem fim, o que você mais quer é melhorar logo, certo? E você sabe que só vai melhorar depois que eliminar toda a bactéria ou todo o causador de tal sintoma. Então você vai ao banheiro, sofre e pensa: gostaria que isso acabasse logo, não aguento mais!
Penso que com o amor é a mesma coisa: tantas vezes há muito sofrimento, e o que mais queremos é que acabe logo essa tortura. Como? Eliminando toda a fonte de tal sofrimento: acabando o amor que nos consome.
Pode parecer estranho, podem me achar maluco de pedra, mas é fato que quando estamos envolvidos num relacionamento, temos preocupações, temos que fazer malabarismos para chegar a alguns acordos, como decidir aonde ir, com qual turma sair, o que fazer no fim de semana, essas coisas que nos parecem tão simples a princípio, mas que tomam proporções desmedidas quando não há um consenso.
Pior que isso é nunca se chegar a um acordo e ter aquela dor de barriga constante, sempre dolorosa e que nos traz tanto sofrimento quanto decepção. Agora, a coisa fica complicada quando a dor de barriga não tem cura e você vive em constante dor e com aquele pensamento diário: quando isso vai passar? É como se você tivesse mudado todo seu hábito alimentar, higiênico e ainda sofresse com a diarréia. No amor, é como você fazer inúmeras concessões, abrir mão de tanta coisa, e depois ser tratado com indiferença, como se seu par se lixasse para sua dor.
Aí a coisa complica: o egoísmo toma conta como se fosse uma virose! É preciso tomar um soro, quem sabe um remédio e ser muito adulado, além de mudar a alimentação. Todo cuidado é pouco nessa situação. Com o amor é a mesma coisa: há que se moderar o causador do sofrimento, mudar hábitos, se não será preciso uma medida mais radical para eliminar esse incômodo da sua vida, porque amor que incomoda não é mais amor.

E é aí que o amor se difere da dor de barriga: a gente nunca quer repetir a dor de barriga, mas dá pra ficar longe de uma paixão? Acho que não...

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A impressão, a tradução e a divulgação do conhecimento

Um pouquinho da história da mídia entre a Idade Média e a Modernidade, com enfoque na atividade de tradução.

Na época em que apenas existiam manuscritos, a Igreja controlava a produção e a reprodução dos mesmos, porque tinha influência direta sobre os copistas e escribas. Aproveitando o assunto da censura dos manuscritos, vou falar um pouquinho sobre os manuscritos traduzidos no Brasil colonial. Lia Wyler, tradutora e estudiosa de tradução, em seu livro “Línguas, poetas e bachareis: uma crônica da tradução no Brasil” descreve esse ofício no Brasil colonial: “Todos os textos utilizados na evangelização, no estudo e no lazer, porém, sofriam a tripla censura instituída no império português no século XVI: a do Santo Ofício, a do Ordinário Eclesiástico na respectiva diocese e a do Paço. O relator do Santo Ofício examinava o livro em manuscrito e obrigava o autor a alterá-lo, amputá-lo ou ampliá-lo, antes de lhe conceder a fórmula: ‘nada contém contra a nossa Santa Fé e bons costumes’ (p.62). A autora continua dizendo que eventuais textos literários traduzidos na colônia deveriam ser submetidos à censura da Metrópole para serem impressos lá; ou permaneciam aqui, manuscritos, fugindo da censura, mas esses manuscritos raramente chegaram aos nossos dias.

Com o advento da impressão e a produção de materiais em larga escala, a Igreja não conseguiu mais controlar os impressores do mesmo modo que fazia antes. Por outro lado, em 1485 em Frankfurt houve um caso de censura, quando livros que seriam expostos em uma feira regional foram analisados pelo conselho municipal a pedido de um religioso. A partir disso, a Igreja criou uma lista de livros que seriam proibidos e que era atualizada sempre, valendo pelos próximos quatro séculos.

Outra consequência da dificuldade de se controlar a produção da impressão foi que Lutero se beneficiou desse novo meio durante a Reforma, já que ele traduziu suas teses para línguas vernáculas, as imprimiu e as distribuiu por toda a Alemanha e por toda a Europa.
Os livros impressos passaram a ser usados, também, para a divulgação de obras clássicas com a padronização das traduções (nos tempos dos manuscritos, os copistas faziam cópias não exatamente fiéis aos textos-base. Dessa forma, cada livro copiado manuscrito podia ter divergências de ortografia, por exemplo). Além disso, os livros impressos serviram também para difundir dados do mundo natural e desenvolver sistemas padronizados de classificação, de representação e de práticas. Obras científicas começaram a ser produzidas com a ajuda de professores universitários. Surgiram, também nessa época, obras de ciências populares, como almanaques e manuais práticos e livros de conduta. Obviamente que naquela época a educação não atingia a massa, o povo. Era restrita a uma elite clerical, política, a professores, estudantes e a uma classe social emergente. Isso não quer dizer, no entanto, que a alfabetização era exclusiva dessa elite, mas era dominada por ela. Principalmente mulheres, crianças, operários e trabalhadores rurais não especializados eram marginalizados no que diz respeito a saber ler.

No final do século XVIII, com o incentivo do ensino das ciências, com as expedições científicas, com a divulgação de enciclopédias e com a fundação da Academia Real de Ciências de Lisboa, conforme apresenta Wyler (p.73), houve um movimento nacionalista brasileiro liderado pelo Frei José Mariano da Conceição Veloso, cujo objetivo era produzir, adaptar ou traduzir obras de novas técnicas e culturas desenvolvidas em outros países e que fossem úteis ao desenvolvimento do Brasil. No entanto, como a impressão ainda não chegara aqui nessa época, essas obras eram impressas em Portugal.

Entre tais obras, estavam as que tratavam de “técnicas e culturas de várias plantas úteis, navegação, mineralogia, medicina, eletricidade, língua tupi ou nhegatu, hidrometria, gravura, botânica, zoologia, matemática, economia, política, religião e tecelagem” (Wyler, p.74). Esses livros, geralmente traduzidos do francês, inglês, castelhano, alemão e latim, eram destinados aos agricultores brasileiros. Esses trabalhos foram feitos em várias tipografias de Lisboa para depois o grupo do Frei Veloso ter uma oficina própria em Portugal, a Tipografia Catalográfica, Tipoplástica e Literária do Arco do Cego.

Eu falei sobre a produção das primeiras traduções brasileiras de livros técnicos e científicos para mostrar que o advento da impressão tornou possível o desenvolvimento dos trabalhos de tradução feitos por brasileiros – ainda que realizados em Portugal até a vinda da Corte Real ao Brasil em 1808 e a consequente instalação da Impressão Régia por aqui. Lembrando que, antes desses tipos de textos, já eram traduzidos assuntos educacionais, burocráticos e principalmente religiosos. Além disso, como eu já citei acima, a impressão foi muito útil para a unificação das traduções, uma vez que não eram mais os copistas os responsável pela reprodução dos livros.

Eu fiz uma abordagem da relação entre a impressão e a tradução, mas é possível descrever também o que o John B. Thompson fala sobre a impressão e o desenvolvimento da economia em seu livro "A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia". O autor diz que as máquinas de impressão movimentaram a economia no fim da Idade Média e começo da Idade Moderna. Além disso, a indústria gráfica fez surgir novos centros de poder que não estavam ligados ao poder da Igreja ou do Estado, embora estes útimos procurassem usá-la em seu benefício.
 
Outro aspecto econômico do desenvolvimento gráfico foi o seguinte: quem tinha dinheiro editava, imprimia e vendia livros. Quem não possuía recursos financeiros suficientes para isso, fazia empréstimos ou trabalhava para a Igreja ou para o Estado (o uso da impressão em benefício da Igreja e do Estado há pouco citado, já que era conveniente para estes manterem a impressão a seu serviço, tanto quanto para os impressores sem recursos manterem seus negócios). Essa relação próxima entre religião e política se deu, também, pelo interesse na venda de formas simbólicas que só a impressão podia oferecer, e que fizeram estreitar ainda mais essas relações. Esse interesse na forma simbólica oferecida pela impressão se dava porque as tiopografias e editoras do inícia da Idade Moderna eram de organizações culturais e econômicas, como observou Thompson. Desse modo, desvinculadas do poder eclesiástico e governamental, essas instituições gozavam de certo prestígio e influência social, sendo relativamente "independentes" e "neutras" por não representarem nem o Governo nem a Igreja.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Aqui

Quero desfazer o tempo. Quero desfazer as luzes do caminho. Quero caminhar apenas com a iluminação do coração, quero seguir a trilha da emoção, sem pensar muito. Quero esquecer que teve um ontem e que hoje é apenas um momento. Deixar pra trás a ideia do amanhã - aquele que a gente sonha ser melhor... Quero apenas confiar no meu instinto humano (como se fosse fácil ser humano, tão cheio de contradições, mudanças, vontades, sentimentos, frustrações, sonhos) e na parte mais humana de mim: me derreter diante de um belo sorriso e de um quente abraço, porque sentir um calor humano é um destaque bom no meio de tanta frieza que pode nos envolver por aí. Quero um amor - não vou dizer um amor pra sempre, porque eu já desfiz o tempo... - que me acompanhe no caminhar com a luz do coração; mais que isso, quero um amor que me ilumine ele mesmo, a ponto de unir os corações e formar uma luz resplandecente, gigante! Quero um amor que me desafie, que me ensine, que me faça pensar. Quero alguém fora do normal, extraordinário, surpreendente. Quero alguém que cante para mim, como um grilo avisando: estou aqui do seu lado, pertinho do seu coração. Não importa o tempo, quero aqui!

Música de hoje: Nada valgo sin tu amor, do Juanes

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Felicidade

O que haveria de ser de mim sem minhas amarras, já gritadas aqui? Há uma necessidade de compartilhar momentos, carícias, sonhos... Me sinto bem quando consigo compartilhar a vida com alguém especial, que me dá atenção e que se dispõe a se abrir também. É gostoso criar intimidade, gerar confiança, ir tendo segurança. A gente encara tantos desafios ao longo da vida: no trabalho, em casa, na escola, e ter o desafio de aprender a amar é ampliar o horizonte que se quer viver. Eu só queria registrar aqui a minha felicidade!

Música de hoje: Try, da Natasha Bedingfield

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