sábado, 31 de julho de 2010

Algo assim...

Algo assim é o que sinto hoje. Sem descrição exata, porque é um sentir confuso, borrado...
Coisas da minha cabeça? Estresse? Ansiedade?
Acho que tudo isso junto, com muito mais. Vivo numa expectativa constante: sempre há algo para (quem sabe) dar certo. E essa espera me tortura, me mata, me destroi.
Isso às vezes me faz tomar atitudes precipitadas, às vezes me faz decidir algo que não está decidido (algo que deveria amadurecer em minha mente, mas que eu, ansiosamente, decido prematuramente).
Muitas vezes é possível desfazer essas precipitações. Algumas outras vezes, essas decisões me trazem algo de bom: saber o que não imaginava estar acontecendo, mas que, mesmo que esteja um pouco longe de mim - embora seja sobre mim - me traz alguma alegria. É confuso, mas não posso explicar isso.
As coisas estão tão meio turvas hoje, que estou ouvindo um cantor francês! Não entendo bulhufas de francês, mas a melodia é linda e o intérprete me comove. Falo de Grégoire.
Me dá um nó, não sei se no peito, se na garganta. Acho que é na minha mente, aqui dentro da cabeça.
Como será uma igreja grande numa segunda-feira de manhã? Eu a imagino alta, com pinturas nas paredes, aquele longo caminho até o altar, uma imagem de Jesus ao fundo. E como será essa igreja na segunda à tarde? Cheia de silêncio, imagino. Sem aquela movimentação do domingo, de famílias indo às rezas. Mas por que falei da igreja? Porque esse silêncio que eu imaginei é o mesmo que eu queria pra mim agora. Aqui dentro. Sem apologias religiosas, estou apenas "metaforizando"...
Grégoire continua me invadindo e me comovendo - não entendo nada, mas fico imaginando o que ele esteja dizendo. Será que só imagino o que gostaria de ouvir, ou me torturo e imagino o que também me destruiria?
Me desculpem pela melancolia, mas algo assim é o que sinto hoje...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Nem por decreto: pela liberdade da língua portuguesa

Certa vez, participei de uma discussão sobre “defender a língua portuguesa na publicidade, nas artes etc.”. Estavam querendo uma lei que “protegesse” a língua, com previsão inclusive de multa para quem fizesse publicações com “erros de português” e proibindo o uso de estrangeirismos. Uma primeira discussão que poderia surgir é a do preconceito linguístico, a do uso excessivo da gramática como norteadora das nossas relações linguísticas, sem se levar em conta as questões pragmáticas, por exemplo. Entretanto, meu enfoque não vai ser este.

Acredito que respeitar a língua é fundamental para sua manutenção, bem como para a preservação e disseminação da cultura de um povo. Não podemos nos esquecer, entretanto, de que a publicidade tem por objetivo convencer. Não acredito que a publicidade se utilize tanto de erros como pareciam querer apontar. Aliás, gostaria que tivessem me mostrado exemplos de erros de português em textos publicitários para discutirmos, mas não mostraram.

Sobre os estrangeirismos, não concordo com o que disseram. Os estrangeirismos são uma forma de enriquecer a língua, porque eles são o resultado da "apropriação" pela língua de um termo estrangeiro e, quando isso ocorre, essa nova palavra passa a fazer parte da língua, e a constar dos dicionários, e, consequentemente, a "funcionar" de acordo com sua norma. Um exemplo é a palavra XEROX, que, na verdade, é uma marca, mas estrangeira de qualquer forma. Quando nos referimos a "fazer cópias reprográficas", dizemos XEROCAR. Como podemos observar, o verbo está no infinitivo como os verbos AMAR, BEBER, SORRIR. O estrangeirismo não é o uso de um idioma em detrimento de outro. Como já disse acima, é a "apropriação" de um termo estrangeiro pela língua materna. Assim, se um termo já está dicionarizado e já segue as normas da língua portuguesa, ele é incorporado por esta, deixando de ser um termo estrangeiro.

O que a pessoa queria discutir, então, seria a dominação linguística e cultural, e não o estrangeirismo. Se antigamente o francês era a língua dominante, após a Segunda Guerra o inglês passou a sê-lo. E, sendo a língua dominante, a cultura em língua inglesa (mais propriamente a cultura norte-americana) passou a ser a dominante também. Outro ponto interessante é que nós nos sentimos (e somos) fortemente influenciados pelos EUA porque estamos na América. Tem-se que levar em conta que na Europa não é o inglês americano que se ensina na maioria dos países, porque lá existe o Reino Unido e outros países falantes da língua inglesa que já o falavam antes. Sobre a dominação linguística, realmente não podemos utilizar um idioma estrangeiro em detrimento do nosso, mas isso não quer dizer que tenhamos que nos alienar em relação à língua de maior uso nos negócios internacionais: o inglês.

Aprender a língua portuguesa corretamente (e não apenas o uso gramaticalmente correto, mas perceber as possibilidades e flexibilidades da nossa língua) é fundamental para uma boa formação cultural sólida de qualquer brasileiro, mas saber uma segunda língua é fundamental para se ter sucesso profissional em um mundo globalizado e cada vez mais competitivo. Não são raras as matérias em jornais que abordam exatamente esse assunto: há muitas vagas de emprego que não são preenchidas por falta de mão-de-obra qualificada, e isso em qualquer nível de escolaridade, inclusive a falta de conhecimento de uma segunda língua.

É nesse contexto que acredito na liberdade de uso da língua. Nós a construímos diariamente. Não é um decreto que vai fazê-la ser mais nacional ou mais norte-americanizada. Não é desse tipo de proteção que precisamos, precisamos que o português seja ensinado na educação básica para que possamos ter acesso à literatura em língua portuguesa compreendendo as figuras de linguagens, as (des)construções artístico-poético-literárias, além de podermos fazer uma leitura mais intertextual de cada obra ou texto a que temos acesso.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

As palavras que não saem, mas que eu sinto...

Você + eu é a música da Dani de hoje. E está sendo a minha também. Ouço sem parar essa música AQUI.

 Hoje escrevo em homenagem a ela, minha amiga apaixonada, que sofre. Um sofrimento em silêncio, se pensarmos que não é revelado, que não é declarado (para ele), mas que é divulgado muito. Ela grita essa paixão pra todos, menos diretamente pra ele. Ela pede sua presença, seu carinho, seu sexo. Ela implora! Mas ela não diz quem é ele!!! A palavra enrosca na garganta dessa mocinha de novela mexicana. Ela sente tanto, tanta coisa, mas as palavras não saem... Ela não consegue traduzir esse turbilhão de paixão em um diálogo: "eu gosto de você". Não consegue!

Aí ela escreve, ela grita um grito que ecoa, mas que talvez não alcance quem deve... Ou talvez alcance... Será que é dela que as palavras não saem? Ou dele? Dani fala tanto dele, chora por ele, escreve por ele... Será que ele não leu nada nunca? Ou, tendo lido, nunca soube que ele era ele? Ou quer fingir não saber? Por quê? Acabemos com o sofrimento. Simples. Assim. Não, não tão simples, sabemos... Não tão óbvio, diria Holmes a Wattson. rs

Não consigo ajudá-la a solucionar esse caso, mas ao menos penso ser um bom amigo, que ouve e dá (não conselhos, blá) algumas palavras pra tentar acalmar tanto sofrimento, ou, ao menos, tentar fazer tanta paixão doer menos. Porque paixão doi. E a gente sente tanto essa dor que, às vezes, nos faz bem, porque faz com que sintamos que temos sangue correndo nas veias (com o perdão do clichê). Sim, porque ninguém fica olhando pra qualquer parte do corpo em qualquer horário do dia ou da noite pensando "aqui corre sangue, aqui nessas veias que não vejo mas que sei estarem aqui". Oras, só com o sofrimento - ou com tanta alegria - podemos nos dar conta de que temos veias e que nelas corre sangue, porque é nesses momentos que o coração dispara e percebemos o sangue sendo bombeado loucamente, muitas vezes em busca do outro coração. É quase que uma necessidade, que uma utilidade do coração: bombear paixão de um coração a outro; ou, ao menos, buscar o outro coração para onde transferir tanto sentimento!

Voltando à música-tema da Dani hoje, Você + eu, até o "+" lembra de hospital, que lembra de sangue, que lembra de coração, que lembra... Ah, vocês sabem do que estou falando! Falo das palavras que não saem, mas que eu sinto, diria ela...

domingo, 11 de julho de 2010

Eu só queria dizer...

Há maneiras distintas de mostrar que gosto tanto mais de você? Será que há como eu fazer isso sem que eu precise dizer coisas do tipo "eu te adoro", "gosto muito de você"? O carinho? A preocupação constante?

Se eu fico mais chato, é reflexo da intimadade. Posso dizer mais coisas, chamar mais atenção. Olha, não faz isso, não assim...

Que coisa linda eu poder surpreender: de repente, um momento de tanta sensualidade, de tanto amor. Inesperado. Profundamente feliz. Os risos do depois confirmam essa felicidade, atestam essa alegria. As lembranças que hoje eu tenho confirmam que não sonhei: não é possível ter tido um sonho daqueles! Tem que ter sido real. E ponto.

Domingo é dia de preguiça. De convite pro almoço. De tarde na sala. Soneca no quarto. Domingo é dia de dormir feliz, sabendo que o fim de semana foi muito bom.

Não consigo nem dizer tanta coisa mais. Há tanto pra ser. 

Vou viver.

Feliz.

(só pra você saber, eu te adoro)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Uma rapidinha com a Dani...

Dani por ela mesma (via MSN):
-Oi. Tudo bem? 
Tudo e contigo?
-Como está?
Bem.
-Me fala dos seus sonhos, da sua vida.
Quais?
Terapia?
Terapia.
hahaha
Nossa! Sonhos: são tantos que me perco neles diariamente... Eles chegam ser até devaneios... Mas, meu sonho atual é ser dançarina do ventre.
Ter grana pra ir ao cinema toda semana, beber café e ter companhias agradáveis como a sua.
Outro sonho: ter as tardes livres... Queria essa liberdade.
-Quais seus planos?
Planos: fazer mestrado, passar em um concurso e ser um pouco mais livre.
-Quais suas vontades?
Também queria encontrar , sem querer, notas perdidas de 50 reais no meu bolso. Inventar esmaltes que não descasquem.... E comer massa uma vez por semana com pessoas bacanas. Um pouco de chá... Queria mesmo era amá-lo, mas não tenho forças pra isso.... E acho que nem ele.
-Tem algum segredo?
Segredo: hum... Pra você são poucos... Mas, meu maior segredo é o amor por ele. Ninguém sabe... Só você. Também tenho outros segredos: adoro colocar as mãos em potes de grãos, e ouvir mil vezes a mesma música. Também adoro escovar o dente andando... Mas, quase ninguém sabe disso.
Agora o que eu mais gosto de fazer é tomar vinho de madrugada sozinha na solidão do meu quarto....
-Me diga de você.
Eu sou uma pessoa emotiva, ansiosa, boba, chorona e indecisa. Às vezes sou paralisada pra tomar decisões e sempre tenho dúvidas... Sempre... Mesmo quando tenho certeza. 
-Me fala o que pensa. Sem pensar.
Sem pensar agora queria estar tomando um café contigo falando dessas coisas.
-Dá um sorriso e me abraça.
Um sorriso sempre pra você... E te abraçar toda hora.
-Me diz o que sente, do que tem medo.
Meu maior medo é dormir e não acordar. E também de me perder em algum canto e não ter ninguém... Tenho medo também de não ir ninguém no meu velório.



sexta-feira, 2 de julho de 2010

Incerteza...

Sem tempo, o infinito alcança a vida.
Sem lugar, o todo vazio lembra o nada.
O horizonte, lá no fundo, nunca ao alcance de ninguém.
O espaço muitas vezes não se preenche, tudo se confunde
E o todo, de repente, torna-se o nada.
O escuro torna-se claro.
O céu une-se à Terra,
E o mar confunde-se com o horizonte.
Enfim, de tudo, nada sei.
O que me confunde não são as palavras,
São meus pensamentos.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O GOL DE DUNGA

Por Juçara Dutra Vieira*

O recente episódio envolvendo a Rede Globo e o técnico da seleção brasileira, Dunga, levou-me a reler um livro do Pedrinho Guareschi sobre comunicação e poder. Lembro de tê-lo recomendado a meus alunos dos cursos de Letras e de Pedagogia, ainda nos anos 1980. Pedrinho relata que a prodigiosa ascensão do conglomerado está associada ao respaldo financeiro do grupo americano Time-Life, nos anos 1960. O acordo chegou a ser objeto de uma CPI, que concluiu pela sua inconstitucionalidade. No entanto, o presidente Castello Branco, ao invés de cassar a concessão, concedeu noventa dias de prazo para que a emissora regularizasse a situação... “Não houve quem pudesse segurar, desde então, a Vênus Platinada”, diz Guareschi. (1985, p. 47).

A Globo foi fiel à ditadura e só se desapegou da mesma quando o movimento pela Diretas Já ecoava por todo o Brasil, levando estudantes,  intelectuais, sindicalistas, políticos, enfim, parte importante da  sociedade brasileira às ruas, reivindicando a democratização do país. O processo desembocou nas eleições diretas de 1989, com Lula e Collor disputando a presidência. O que fez a Globo? Alavancou a candidatura do  “caçador de marajás”, tripudiou sobre os funcionários públicos e preparou-se para apoiar a privatização do patrimônio brasileiro. Collor não resistiu à crescente politização da sociedade e renunciou para não  ser cassado, mas a Globo teve a satisfação de apoiar o presidente seguinte e seu projeto privatizante.

Contra todo o esforço das elites brasileiras, Lula chegou ao poder. Foi  quase um deboche para os donos da comunicação. William Bonner deu-se ao desplante de puxar as orelhas do candidato em um debate eleitoral promovido pela emissora. A Vênus Platinada estava vingada! Mais tarde, o  apresentador desculpou-se, porém já cumprira seu papel: externar o ressentimento de classe contra o trabalhador brasileiro que ousara tornar um dos seus nada mais nada menos que presidente da república.

O Governo Lula não arriscou ou avaliou que não teria sustentação política para enfrentar a poderosa Globo. Assim, ela teve renovada a concessão que lhe permite expandir e consolidar seu império. Aí, nesse cenário em que reina absoluta, aparece um bronco para dar bronca (com a licença do trocadilho). Logo no ambiente da Copa do Mundo de futebol! Não sei se Dunga tem a dimensão do que fez, ao recusar a entrevista “exclusiva” para a rede Globo. Possivelmente, não tenha as mesmas motivações ideológicas de milhares de brasileiros que o aplaudiram. Não  importa. Pôs as coisas no seu devido lugar. Foi o gol político da Copa.

* Juçara Dutra Vieira é professora, ex-presidente do CPERS e, hoje, faz parte da direção da CNTE e é vice-presidente da Internacional da Educação - órgao vinculado à ONU que representa sindicatos de educadores de 140 países.

Páginas