sábado, 6 de agosto de 2011

Código do Dinheiro dos Capitalistas


Sim, vocês leram certo: o Código de Defesa do Consumidor é rasgado na sua cara e dá lugar ao Código do Dinheiro dos Capitalistas. Se você tem direitos e não os conhece, deveria procurar se informar! O que vou contar agora aconteceu comigo dia 06/08/2011 na loja Pernambucanas em Marília-SP.

Fui com minha mãe comprar 2 aparelhos de celular para usar a operadora Vivo. Encontramos os modelos que procurávamos e fomos pagá-los no caixa. Enquanto a caixa passava os códigos de barras, víamos no monitor um valor 10 reais menor. Então minha mãe disse que estava sendo cobrado a menos. Foi quando a moça passou outro código de barras e o primeiro celular estava faturado com o 10 reais que faltavam. Qual não foi nossa surpresa quando a descrição do produto foi o Chip da operadora. Assim compramos os dois aparelhos. Eu questionei a moça do caixa se não dava para excluir os chips, porque só queríamos os aparelhos, ao que ela respondeu que ela só cobrava o que a vendedora lhe passava. Então minha mãe foi falar com a vendedora e ouviu a resposta de que só poderia vender assim. Quando perguntamos o valor do celular, na vitrine, a vendedora não havia nos informado que estava embutido o preço do chip de 10 reais. Não havendo meios de não comprar os chips, pagamos o valor cobrado.

Na hora de retirar a mercadoria, a atendente nos assediou. Explico: ela nos disse que precisaríamos fazer uma recarga em no máximo 2 horas para validar os chips, se não seriam cancelados automaticamente, e sugeriu, enfática: ‘se vocês quiserem, a gente faz a recarga aqui, agora, mas não se esqueçam, em 2 horas os chips serão cancelados!’ Além de eu não querer comprar os chips, depois de tê-los pagado ainda corria o risco de perdê-los (lembrando que duas recargas de 12 reais somariam mais 24 reais à compra). Eu perguntei: ‘mas se eu não fizer a recarga em 2 horas perco os chips pra sempre e tenho que jogá-los fora?’ Ela disse: Sim. Eu fui embora sem fazer a recarga.

Bom, eu não sou tão ignorante sobre meus direitos como consumidor, e achando a história muito estranha, resolvi tirar isso a limpo. Me dirigi a uma loja própria da Vivo e confirmei o que já desconfiava: o que a vendedora de celular tinha dito era mentira. Foi essa palavra que ouvi da atendente da Vivo: MENTIRA. Ela me disse que eu poderia ficar até uns 3 meses sem ativar o chip e, mesmo que tivesse algum problema depois desse período, bastava ir à loja e reativar o número.

Fiquei mais nervoso ainda e voltei na Pernambucanas. Disse para a vendedora que tinha falado na loja da Vivo e que a informação que ela tinha me passado era mentira. Acrescentei, ainda, que ela estava me pressionando para fazer a recarga pra ela ganhar comissão, além de ter feito uma venda casada com a inclusão do chip. O que eu ouvi da vendedora? ‘A gente tem que ganhar dinheiro’. Perguntei o nome do gerente e ela me disse que não sabia. Eu perguntei como ela não sabia o nome do gerente dela, e então ela me disse o nome. Fui procurar o fulano, mas me orientaram a falar com o gerente do setor de eletrônicos. Foi o que fiz. Contei para ele o que tinha acontecido, disse que aquilo era ilegal, que eu estava sendo assediado, que eles não poderiam nem ter feito a venda casada, nem me passado informações erradas sobre a recarga apenas para me obrigarem a fazê-la ali (para quem não sabe, as empresas que vendem aparelho de celular ganham comissão pela ativação de linhas. Daí a venda casada do chip e a insistência para eu ativar o chip na hora. Além disso, ganham comissão sobre a venda de créditos). O gerente me deu razão, disse que realmente o prazo não era de 2 horas, que a vendedora deu informação errada e frisou que as vendedoras de celular não são funcionárias da loja (isso não é problema meu, pois comprei dentro da loja o aparelho). Então, ele disse que eu poderia devolver os chips, já que estavam lacrados, e que poderia escolher outra mercadoria no valor de 20 reais. Resolvido isso, comprei outra mercadoria e fui embora.

Agora fico pensando: e os 99% que aceitam o chip na compra do aparelho e que ainda ativam o número no mesmo momento sob ameaça de ter o chip – muitas vezes desnecessário, porque pode ser apenas uma troca de aparelho e a pessoa vai continuar usando o mesmo chip que já possui – cancelado? Essa maioria paga por um produto que não usa e nem se dá conta de que está sendo enganado. Hoje eu disse ‘basta’, e espero que isso sirva de exemplo e fonte de informação para todos os demais consumidores.

Sei que a Pernambucanas não é a única loja que deve fazer isso. Sei também que a vendedora deve vender, cumprir ordens e bater meta para garantir o salário dela. Mas daí enganar os consumidores... Aqui não!

William Lima
Marília-SP

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