quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Ano-novar

Envelhecer: o ato de continuar vivendo em direção à maturidade; a arte de dominar, com o tempo, a feitura de origami com o papel de trouxa que a vida nos impõe (com a prática constante, a dobradura fica cada dia mais perfeita!); continuar a respirar com a ansiedade pelo que vem depois do agora (o que será da minha vida?); a eterna espera da reciprocidade, sem desistir de ver a humanidade nos outros; a certeza de que as contas sempre vão vencer naquele dia certo, mesmo que não cheguem os boletos; a lição cravada de que não existe perfeição na tampa da panela (que pode ficar amassada com o tempo), nem metade da laranja sem caroço (a vida é uma surpresa, né?!); estar vivo é, então, poder chegar a cada ano novo e dizer pro mundo: aqui não é o melhor dos lugares (gostaria de estar no céu vivendo de luz divina e água de coco), mas já que estou aqui, aperta aí e me deixa ocupar meu espaço, que é só meu (porque dois corpos não ocupam o mesmo espaço ao mesmo tempo embora possam interagir).

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