Em julho do ano passado morreu a travesti Andrea Albertino, aquela que se envolveu em um escândalo com o jogador Ronaldo (fenômeno?). Fátima Bernardes, no Jornal Nacional, noticiou da seguinte forma a morte da travesti:
"Foi enterrado nesta sexta em Mauá, na Região Metropolitana de São Paulo, o travesti André Luiz Albertini, que se tornou conhecido no ano passado pelo envolvimento numa confusão com o jogador Ronaldo. André Luís morreu na quinta. Na declaração de óbito, no espaço reservado para a causa da morte, está escrito: neuro toxiplamose síndrome imunodeficiência adquirida."
Eu, que quase nunca vejo TV, bem naquele dia vi o JN. Fiquei inconformado (embora não pudesse esperar outra coisa) com o modo como se noticiou aquilo. Releiam e vejam se isso está claro para todos, especialmente a última frase. Bom, fui meio bocudo e mandei um e-mail para o site da Globo.
"Gostaria de dizer que acho extremamente desrespeitoso um jornal que atinge a massa fazer o que a Fátima fez. Ao falar sobre as causas da morte do travesti, ela disse 'Na declaração de óbito, no espaço reservado para a causa da morte, está escrito: neuro toxiplamose síndrome imunodeficiência adquirida.'. Na minha opinião, ela deveria ter 'traduzido' a informação para a massa, dizendo algo como 'Segundo informações contidas na declaração de óbito, o travesti morreu devido a complicações da AIDS etc...'. Por que isso não ocorreu? Vocês acreditam mesmo que a massa saiba que síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) seja a tradução de AIDS? A resposta é não, e é por isso que vocês colocaram a matéria no ar dessa forma, para causar certa alienação. Afinal, acabara de ser dito, então, que o travesti tinha ficado famoso por se envolver em uma confusão com o Ronaldo (ah, o Ronaldo!) e não 'ficaria bem' para a imagem do jogador milionário se seu nome fosse ligado à morte de um travesti com quem se envolveu e que morreu com AIDS. Onde está o compromisso com a verdade? Essa é a questão: esse compromisso não existe em um espaço como o de vocês. Só queria que vocês soubessem que eu não faço parte da massa que vocês alienam!"
Era óbvio que isso não mudaria nada - como não mudou. Mas, pelo menos, eu me expressei, porque não suportei ver aquilo e me calar. E agora compartilho a
tradução da minha indignação com vocês.
Realmente.
ResponderExcluirVocê fez certo. Pois não é imparcial ás coisas.
Hoje, mesmo na escola, estávamos falando sobre isso. Da manipulação que a mídia tem sobre as informações que vem para nós, a "massa".
Com certeza eles não iriam querer que a morte de um "Travesti" com AIDS fosse ligado ao Ronaldo.
Então mais uma vez eles colocam a informação "ali", da forma que fica mais agradável ao que eles querem no momento.
Enfim isso é um absurdo... é como eles fazem.
"Aconteceu isso e isso na politica(contam o fato-de uma forma bem ralé)..E agora VAmos ao Esporte"
A pessoa, nem sabe o que tá acontecendo, por que acontece...Enfim, nem tivemos tempos de pensar no assunto e nossa atenção já vai ser para outra coisa "Esporte".
Isso também eu acho que é outro absurdo que eles fazem.
Will,
ResponderExcluirO teu texto e desabafo mostra bem como ainda somos manipulados e como não há jeito de fugir da alienação a não ser nos alienando e tomando a consciência do que ela representa. Eita! viajei! viva Humberto Eco! rs
Teu texto mostra bem como age uma empresa como a Rede Globo. Não há função social no meio de comunicação, por isso, amigo, viva a rede! Ela sim promove uma forma de comunicação horizontal, onde podemos interagir, ser ouvidos. Olha q delicia! Q liberdade! :) Isso é comunicação!
Parabéns pelo texto! Vou distribui-lo e indicar p meu mailling de amigos e tb no twitter.
Vc é maravilho. Adorei ir a tua casa hoje. Adorei o bolo. Adoro todos os momentos contigo.
Te adoro, meu amigo!
Dan