domingo, 11 de setembro de 2011

O final feliz de Alice


Alice é uma mulher meio vesga. Ela não consegue enxergar o lado certo dos homens. Vesga nesse sentido, quero dizer. Ela acredita que vai conhecer um cara tão legal como os daqueles filmes americanos que ela vê, aquelas comédias românticas entupidas de babaquices, de clichês. Ela não enxerga que as pessoas são tão mais normais do que a imagem que ela quer comprar. E pior, ela quer pagar baratinho por tanta perfeição. Só pode ser vesga. Cega não seria o adjetivo apropriado, porque cega não vê nada. Alice vê o que quer achar que vai ver. O problema não são as vesgas fisicamente – pode parecer que quero falar mal das vesgas, mas não é isso. Assim como as estrábicas tem os olhos tortinhos, eu quero dizer que essas vesgas das quais eu falo tem a visão torta, a visão da realidade. Mas também não é só delas que falo. Os vesgos também. Há vesgos aos montes, pipocando do outro lado dessa telinha. Aqueles que acreditam no fim das histórias infantis “viveram felizes para sempre”. Bem, não é que não se possa viver feliz pra sempre, é que nos filmes não costumamos ver como foi essa vida pra sempre feliz, e é aí que o perigo se esconde: quem garante que os percalços que as pessoas enfrentam para a felicidade são insignificantes a ponto de serem desprezados no fim dessas historiazinhas?! Hum... talvez exatamente porque o filme já trouxe uma complicaçãozinha antes do final, que foi superada e deu razão à eterna felicidade do fim. Já pensou que simples: resolvemos um problema só e somos felizes para sempre. Que vida morna, coisa chata, sem alma. E o que se conquistaria a partir de então? Nada mais restando a viver, sejamos felizes para sempre? Piada. Rá rá rá rá rá! Neste instante já nem importa mais se é ela, Alice, se é ele, ou quem é o vesgo ou a vesga da história. Sua vidinha medíocre já está no beleléu e você insiste em enxergar o mesmo fim daqueles filmes de Hollywood. Acorda! Enquanto existir vida, não há final pra se chamar de feliz.

Um comentário:

  1. O pior que é a realidade mesmo né... nunca continua a historia, e quem garante qe foram felizes até o termino da vida deles ?...

    ... Mas seria bom se a realidade fosse essa.

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