quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Pedacinho de papel


Não tem preço esse pedaço de papel, papelão, papel de pão. Não se pode vender, não se pode comprar, nada se pode fazer com ele. Nada daquilo em que você pensa, pelo menos. É um pedacinho de papel, sem mais rodeios, sem mais desculpas, sem mais mentiras. É só uma ponta de iceberg, de rocha, de coração. Vai demorar pra abrir esse papel: dobrar, desdobrar, quase não rasgar, cuidado pra não estragar. É só abrir e ler ali, com calma, com vida. Abrir o coração, a mente, a vida. Abrir a janela do mundo, abrir os olhos e ler. Cada letrinha pode ser reveladora, indicar um risco, um contorno, um traço. Esse colorido não é da caneta. Eu usei o coração, pintei com o sangue – metaforicamente falando! – que circula pelas veias. Às vezes, tanto sangue num lugar só causa infarto, porque não tem por onde passar tanto sentimento, entope tudo. Tem uns riscadinhos meio tortos, mas eu não apaguei nada pra não parecer que fiquei ensaiando pra dizer, pra não parecer que foi tudo armado, treinado. Porque não foi mesmo. Os riscadinhos servem pra indicar, pra dizer, pra mostrar, pra falar que é de verdade. Sinceridade. Identidade. Não tem preço dizer que te amo.

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