Depois de tanto tempo aprisionado,
Maltrapido e maltratado,
Meu coração mudou de cor.
Não é mais vermelhinho como o de todo mundo.
Agora ele muda todo dia, fica azul,
Fica amarelo, vermelho, verde, roxo.
Meu coração mudou de lugar, mudou de forma.
Não é mais como antes, igual ao de todos.
Meu coração agora bate saudade, sugere amor.
Meu coração vale mais que uma flor.
Agora já não importa o dia cinza,
Se a vida é bandida, se eu choro mais.
Agora só resplandece o sorriso,
Que ilumina a tarde, a manhã e a noite.
Agora o abraço chega junto:
No inverno, com cachecol;
No verão, com sunga ou samba-canção.
Agora o beijo não é passageiro:
Mesmo na ausência, ele dura o dia inteiro.
Fica colado em mim, ainda que longe.
O beijo me morde. Passa o dia me mordendo.
Eu sentindo arrepios, dizendo não. Querendo sim.
As manhãs são frias ou quentes, do mesmo jeito.
Mas elas são de bom dia. Trazem a boa tarde,
Ao que sucede a boa noite. Toda noite. Todo dia.
É bucólico. É clichê.
Desculpem, mas o amor hoje só quer ser
Tudo isso, ou quase nada,
Ou só isso. Meu amor não é michê.
Não se vende, não se atira.
Não passa por cima, não é manada
De elefante, nem uma pulguinha saltitante.
Meu amor é completo, me complementa.
Sou um verbo transitivo indireto:
De você, para você, com você, por você.
Parece uma canção de domingo.
Parece uma oração essa poesia.
De amor.
Amém.
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