Às vezes o amor é incomoda tanto que parece uma dor de barriga.  Engraçado? Bem que poderia ser engraçado, mas veja se isso é hilário:  quando você está com uma dor de barriga violenta, uma diarréia sem fim, o  que você mais quer é melhorar logo, certo? E você sabe que só vai  melhorar depois que eliminar toda a bactéria ou todo o causador de tal  sintoma. Então você vai ao banheiro, sofre e pensa: gostaria que isso  acabasse logo, não aguento mais!
Penso que com o amor é a mesma coisa: tantas vezes há muito sofrimento, e  o que mais queremos é que acabe logo essa tortura. Como? Eliminando  toda a fonte de tal sofrimento: acabando o amor que nos consome.
Pode  parecer estranho, podem me achar maluco de pedra, mas é fato que quando  estamos envolvidos num relacionamento, temos preocupações, temos que  fazer malabarismos para chegar a alguns acordos, como decidir aonde ir,  com qual turma sair, o que fazer no fim de semana, essas coisas que nos  parecem tão simples a princípio, mas que tomam proporções desmedidas  quando não há um consenso.
Pior que isso é nunca se chegar a um acordo e ter aquela dor de barriga  constante, sempre dolorosa e que nos traz tanto sofrimento quanto  decepção. Agora, a coisa fica complicada quando a dor de barriga não tem  cura e você vive em constante dor e com aquele pensamento diário:  quando isso vai passar? É como se você tivesse mudado todo seu hábito  alimentar, higiênico e ainda sofresse com a diarréia. No amor, é como  você fazer inúmeras concessões, abrir mão de tanta coisa, e depois ser  tratado com indiferença, como se seu par se lixasse para sua dor.
Aí a coisa complica: o egoísmo toma conta como se fosse uma virose! É  preciso tomar um soro, quem sabe um remédio e ser muito adulado, além de  mudar a alimentação. Todo cuidado é pouco nessa situação. Com o amor é a  mesma coisa: há que se moderar o causador do sofrimento, mudar hábitos,  se não será preciso uma medida mais radical para eliminar esse incômodo  da sua vida, porque amor que incomoda não é mais amor.
E é aí que o amor se difere da dor de barriga: a gente nunca quer repetir a dor de barriga, mas dá pra ficar longe de uma paixão? Acho que não... 
segunda-feira, 25 de abril de 2011
quinta-feira, 21 de abril de 2011
A impressão, a tradução e a divulgação do conhecimento
Um pouquinho da história da mídia entre a Idade Média e a Modernidade, com enfoque na atividade de tradução. 
Na época em que  apenas existiam manuscritos, a Igreja controlava a produção e a  reprodução dos mesmos, porque tinha influência direta sobre os copistas e  escribas. Aproveitando o assunto da censura dos manuscritos, vou falar  um pouquinho sobre os manuscritos traduzidos no Brasil colonial. Lia  Wyler, tradutora e estudiosa de tradução, em seu livro “Línguas, poetas e bachareis: uma crônica da tradução  no Brasil” descreve esse ofício no Brasil colonial: “Todos os textos  utilizados na evangelização, no estudo e no lazer, porém, sofriam a  tripla censura instituída no império português no século XVI: a do Santo  Ofício, a do Ordinário Eclesiástico na respectiva diocese e a do Paço. O  relator do Santo Ofício examinava o livro em manuscrito e obrigava o  autor a alterá-lo, amputá-lo ou ampliá-lo, antes de lhe conceder a  fórmula: ‘nada contém contra a nossa Santa Fé e bons costumes’ (p.62). A  autora continua dizendo que eventuais textos literários traduzidos na  colônia deveriam ser submetidos à censura da Metrópole para serem  impressos lá; ou permaneciam aqui, manuscritos, fugindo da censura, mas  esses manuscritos raramente chegaram aos nossos dias.
Com o advento da  impressão e a produção de materiais em larga escala, a Igreja não  conseguiu mais controlar os impressores do mesmo modo que fazia antes.  Por outro lado, em 1485 em Frankfurt houve um caso de censura, quando  livros que seriam expostos em uma feira regional foram analisados pelo  conselho municipal a pedido de um religioso. A partir disso, a Igreja  criou uma lista de livros que seriam proibidos e que era atualizada  sempre, valendo pelos próximos quatro séculos.
Outra  consequência da dificuldade de se controlar a produção da impressão foi  que Lutero se beneficiou desse novo meio durante a Reforma, já que ele  traduziu suas teses para línguas vernáculas, as imprimiu e as distribuiu  por toda a Alemanha e por toda a Europa.
 Os livros  impressos passaram a ser usados, também, para a divulgação de obras  clássicas com a padronização das traduções (nos tempos dos manuscritos,  os copistas faziam cópias não exatamente fiéis aos textos-base. Dessa  forma, cada livro copiado manuscrito podia ter divergências de  ortografia, por exemplo). Além disso, os livros impressos serviram  também para difundir dados do mundo natural e desenvolver sistemas  padronizados de classificação, de representação e de práticas. Obras  científicas começaram a ser produzidas com a ajuda de professores  universitários. Surgiram, também nessa época, obras de ciências  populares, como almanaques e manuais práticos e livros de conduta.  Obviamente que naquela época a educação não atingia a massa, o povo. Era  restrita a uma elite clerical, política, a professores, estudantes e a  uma classe social emergente. Isso não quer dizer, no entanto, que a  alfabetização era exclusiva dessa elite, mas era dominada por ela.  Principalmente mulheres, crianças, operários e trabalhadores rurais não  especializados eram marginalizados no que diz respeito a saber ler. 
No final do  século XVIII, com o incentivo do ensino das ciências, com as expedições  científicas, com a divulgação de enciclopédias e com a fundação da  Academia Real de Ciências de Lisboa, conforme apresenta Wyler (p.73),  houve um movimento nacionalista brasileiro liderado pelo Frei José  Mariano da Conceição Veloso, cujo objetivo era produzir, adaptar ou  traduzir obras de novas técnicas e culturas desenvolvidas em outros  países e que fossem úteis ao desenvolvimento do Brasil. No entanto, como  a impressão ainda não chegara aqui nessa época, essas obras eram  impressas em Portugal.
Entre tais  obras, estavam as que tratavam de “técnicas e culturas de várias plantas  úteis, navegação, mineralogia, medicina, eletricidade, língua tupi ou  nhegatu, hidrometria, gravura, botânica, zoologia, matemática, economia,  política, religião e tecelagem” (Wyler, p.74). Esses livros, geralmente  traduzidos do francês, inglês, castelhano, alemão e latim, eram  destinados aos agricultores brasileiros. Esses trabalhos foram feitos em  várias tipografias de Lisboa para depois o grupo do Frei Veloso ter uma  oficina própria em Portugal, a Tipografia Catalográfica, Tipoplástica e  Literária do Arco do Cego.
Eu falei sobre a  produção das primeiras traduções brasileiras de livros técnicos e  científicos para mostrar que o advento da impressão tornou possível o  desenvolvimento dos trabalhos de tradução feitos  por brasileiros – ainda que realizados em Portugal até a vinda da Corte  Real ao Brasil em 1808 e a consequente instalação da Impressão Régia  por aqui. Lembrando que, antes desses tipos de textos, já eram  traduzidos assuntos educacionais, burocráticos e principalmente  religiosos. Além disso, como eu já citei acima, a impressão foi muito  útil para a unificação das traduções, uma vez que não eram mais os  copistas os responsável pela reprodução dos livros.
Eu fiz uma abordagem da relação entre a impressão e a tradução,  mas é possível descrever também o que o John B. Thompson fala sobre a impressão  e o desenvolvimento da economia em seu livro "A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia". O autor diz que as máquinas de  impressão movimentaram a economia no fim da Idade Média e começo da  Idade Moderna. Além disso, a indústria gráfica fez surgir novos centros  de poder que não estavam ligados ao poder da Igreja ou do Estado, embora  estes útimos procurassem usá-la em seu benefício. 
Outro aspecto  econômico do desenvolvimento gráfico foi o seguinte: quem tinha dinheiro  editava, imprimia e vendia livros. Quem não possuía recursos  financeiros suficientes para isso, fazia empréstimos ou trabalhava para a  Igreja ou para o Estado (o uso da impressão em benefício da Igreja e do  Estado há pouco citado, já que era conveniente para estes manterem a  impressão a seu serviço, tanto quanto para os impressores sem recursos  manterem seus negócios). Essa relação próxima entre religião e política  se deu, também, pelo interesse na venda de formas simbólicas que só a  impressão podia oferecer, e que fizeram estreitar ainda mais essas  relações. Esse interesse na forma simbólica oferecida pela impressão se  dava porque as tiopografias e editoras do inícia da Idade Moderna eram  de organizações culturais e econômicas, como observou Thompson. Desse  modo, desvinculadas do poder eclesiástico e governamental, essas  instituições gozavam de certo prestígio e influência social, sendo  relativamente "independentes" e "neutras" por não representarem nem o  Governo nem a Igreja.
terça-feira, 19 de abril de 2011
Aqui
Quero desfazer o tempo. Quero desfazer as luzes do caminho. Quero  caminhar apenas com a iluminação do coração, quero seguir a trilha da  emoção, sem pensar muito. Quero esquecer que teve um ontem e que hoje é  apenas um momento. Deixar pra trás a ideia do amanhã - aquele que a  gente sonha ser melhor... Quero apenas confiar no meu instinto humano  (como se fosse fácil ser humano, tão cheio de contradições, mudanças,  vontades, sentimentos, frustrações, sonhos) e na parte mais humana de  mim: me derreter diante de um belo sorriso e de um quente abraço, porque  sentir um calor humano é um destaque bom no meio de tanta frieza que  pode nos envolver por aí. Quero um amor - não vou dizer um amor pra  sempre, porque eu já desfiz o tempo... - que me acompanhe no caminhar  com a luz do coração; mais que isso, quero um amor que me ilumine ele  mesmo, a ponto de unir os corações e formar uma luz resplandecente,  gigante! Quero um amor que me desafie, que me ensine, que me faça  pensar. Quero alguém fora do normal, extraordinário, surpreendente.  Quero alguém que cante para mim, como um grilo avisando: estou aqui do  seu lado, pertinho do seu coração. Não importa o tempo, quero aqui!
Música de hoje: Nada valgo sin tu amor, do Juanes
Música de hoje: Nada valgo sin tu amor, do Juanes
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Felicidade
O que haveria de ser de mim sem minhas amarras, já gritadas aqui? Há uma  necessidade de compartilhar momentos, carícias, sonhos... Me sinto bem  quando consigo compartilhar a vida com alguém especial, que me dá  atenção e que se dispõe a se abrir também. É gostoso criar intimidade,  gerar confiança, ir tendo segurança. A gente encara tantos desafios ao  longo da vida: no trabalho, em casa, na escola, e ter o desafio de  aprender a amar é ampliar o horizonte que se quer viver. Eu só queria  registrar aqui a minha felicidade!
Música de hoje: Try, da Natasha Bedingfield
Música de hoje: Try, da Natasha Bedingfield
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